terça-feira, 10 de junho de 2014

AS MULHERES NA HISTÓRIA DA IGREJA




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ARQUIVO ICA
esus não deixou transparecer em Seus atos ou em Suas palavras que a mulher, sendo solteira ou casada, não deveria servi-lhe. No entanto, nos ensinamentos paulinos, descritos em I Corintios 7:34, há recomendações para que a mulher não se case para ficar livre e dicar-se inteiramente ao serviço de Deus.


Há diferença entre a mulher casada e a virgem: a solteira cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo como no espírito; porém a casada cuida das coisas do mundo, em como há de agradar ao marido.




Assim, os primeiros escritos da Igreja consideravam as viúvas celibatárias e as virgens como “as mulheres mais estimadas”. Há relatos de que muitas chegaram a liderar igrejas. Porém, no terceiro século, houve um movimento dos bispos para consolidar o poder masculino e rebaixar essas pastoras, também chamadas viúvas, enaltecer as diaconisas, o que resultou no fim da ordem das viúvas no século 6.

Por volta do século 14, houve um movimento para forçar as diaconisas a saírem da Igreja e enclausurá-las em mosteiros. O celibato havia sido imposto ao clero masculino, e eles não suportavam a proximidade das mulheres. Naquele tempo, as abadessas[1] tinham jurisdição quase episcopal e atribuições muito semelhantes às dos bispos (elas só não podiam servir a Ceia, por causa da menstruação, considerada na época não só uma imundice corporal como também espiritual).

Elas permaneceram reclusas por 500 anos, até o século 19, quando o imperador Francês Napoleão Bonaparte ordenou o fechamento de todos os mosteiros da Europa. A partir daquele momento, as mulheres









perderam o direito de exercer suas funções eclesiásticas na Igreja Católica Romana e, paulatinamente, fundaram novas ordens religiosas.[2]



PIONEIRA NOS PÚLPITOS



ARQUIVO ICA
A primeira mulher a ter o título de pastora após a reforma Protestante foi Antoniette Louisa Brown[3], após concluir o curso de Teologia no Oberlin College, no estado americano de Ohio. Apesar de sua atitude vanguardista para época, ela foi excluída da cerimônia de formatura, e seu nome não constava na relação de formados.

Porém, em 15 de setembro de 1853, Brown foi ordenada pela primeira Igreja Congregacional. Seu ministério durou pouco mais de um ano. Ela pediu demissão do cargo em solidariedade a uma g


rande amiga, Lucy Stone, expulsa da denominação devido à postura contrária á escravatura.

Brown casou-se no ano seguinte e começou a dedicar-se às obras sociais nas favelas de Nova Iorque, além de escrever livros, especialmente sobre os direitos da mulher. De 1908 a 1915, pastoreou a Igreja Unitariana em Nova Jersey. Quando morreu, em 1921, aos 68 anos, Brown não estava mais sozinha no ministério pastoral: já havia mais de três mil ministras só nos Estados Unidos.





MULHERES NOTÁVEIS DO ANTIGO TESTAMENTO



A Bíblia relata histórias de mulheres que tiveram uma conduta reta e reverente diante de Deus. Um exemplo disso está registrado em Gênesis 29: 9, que retrata a vida de Raquel a primeira pastora de ovelhas das Escrituras.

... veio Raquel com as ovelhas de seu pai; porque ela era pastora.

Já o Livro de Êxodo registra a presença da profetisa Miriã, irmã de Arão, a qual liderou o coro de mulheres com tamborins e danças:

A profetisa Miriã, irmã de Arão, tomou um tamborim, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamborins e com danças.

E Miriã lhes respondia: Cantai ao SENHOR, porque gloriosamente triunfou e precipitou no mar o cavalo e o seu cavaleiro. (Êxodo 15:20-21).



Os textos de Números 12: 2-3 e Miquéias 6:4 também falam do trabalho de Miriã, ao lado de Moises e Arão, na liderança dos peregrinos israelitas durante o êxodo.



E disseram: Porventura, falou o SENHOR somente por Moisés? Não falou também por nós? E o SENHOR o ouviu.
E era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra. (Números 12:2-3).



Pois te fiz sair da terra do Egito e da casa da servidão te remi; e enviei adiante de ti Moisés, Arão e Miriã. (Miquéias 6:4).





No livro de Juízes, está relatada a história da profetisa Débora, que governava como juíza em Israel:



Ficaram desertas as aldeias em Israel, repousaram, até que eu, Débora, me levantei, levantei-me por mãe em Israel. (Jz 5:7).



Outra referencia ao trabalho de liderança feminino está registrado no capítulo 22 e versículo 14-15-16 do Segundo livro de Reis:







Então, o sacerdote Hilquias, Aicão, Acbor, Safã e Asaías foram ter com a profetisa Hulda, mulher de Salum, o guarda-roupa, filho de Ticva, filho de Harás, e lhe falaram. Ela habitava na cidade baixa de Jerusalém.

Ela lhes disse: Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: Dizei ao homem que vos enviou a mim:  Assim diz o SENHOR: Eis que trarei males sobre este lugar e sobre os seus moradores, a saber, todas as palavras do livro que leu o rei de Judá.



Em busca de uma palavra de Deus para o rei Josias, que empreendeu uma grande reforma religiosa com base naquela profecia.




MULHERES PASTORAS



Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. (Jz 4:4).

Havia uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, avançada em dias, que vivera com seu marido sete anos desde que se casara  e que era viúva de oitenta e quatro anos. Esta não deixava o templo, mas adorava noite e dia em jejuns e orações. E, chegando naquela hora, dava graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém. (Lucas 2:36-37-38).



Tinha este quatro filhas donzelas, que profetizavam. (Atos 21:9).





[1] Abadessa é um cargo religioso de primeira dignidade numa comunidade de religiosas que se divide em várias formas. Assim termos: a abadessa geral, aquela cuja autoridade se estendia a todas as abadias da mesma ordem e a abadessa secular, aquela a quem era dado o governo temporal de uma paróquia com obrigação de apresentar ao bispo do lugar um sacerdote idôneo para curar as almas. Assistia e parece que por vezes presidia às assembléias eclesiásticas. As abadessas eram efetivas, havendo abadessas perpétuas eleitas para mandatos vitalícios.


[2] Carolyn Goodman Plampin, foi missionária no Brasil, juntamente com o seu marido, Pr. Richard T. Plampin, falecido em agosto deste ano, de 1957-1988, pela Junta de Missões Internacionais da Convenção Batista do Sul, .  Durante seu período no Brasil, ela ainda obteve o grau de Licenciada em Pedagogia, Universidade Federal do Paraná.



[3] Antoinette Louisa Brown Blackwell (20 de maio de 1825, 5 de novembro de 1921), ativista dos direitos e reformador social das mulheres, foi a primeira mulher americana a ser ordenado como ministro de uma congregação. Sempre à frente de seu tempo, ela com grande dificuldade quebrou trilhas que outras mulheres depois mais facilmente seguidos. Ela escreveu abundantemente sobre a religião e a ciência, a construção de uma base teórica para a igualdade sexual.

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