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O único ponto no qual
esta doutrina satisfazia as convicções religiosas dos cristãos era quanto à
verdadeira divindade de nosso Senhor. Mas, ao negara pessoalidade distintiva do
Pai e do Espírito, com quem cada crente mantinha uma relação pessoal, a quem
adoração e orações eram dirigidas, ela não podia ser recebida pelo povo de
Deus. Sua oposição à Escritura era patente. Na Bíblia, o Pai é constantemente
apresentado dirigindo-se ao Filho como “Tu”, amando-o, enviando-o,
recompensando-o e exaltando-o; e o Filho se dirige constantemente ao Pai e tudo
atribui à sua vontade, de maneira que a pessoalidade distintiva deles é uma das
doutrinas mais claramente reveladas na Palavra de Deus. Portanto, o
sabelianismo logo foi quase universalmente rejeitado.[1]
O
Monarquismo
O monarquismo aparece
como continuação do monoteísmo judaico, para o qual o Filho e o Espírito Santo
são apenas poderes do Deus único. Essa doutrina estabelece uma certa monarquia dentro
da Trindade; seus defensores exaltam tanto a unidade, que chegam a negar a
distinção das Pessoas.
Foi mais perigoso no
início do século III, porque aparentemente salvava a unidade de Deus e a
divindade de Cristo.
Teve origens na Ásia,
com Noeto de Esmirna, que afirmava: “Cristo é o próprio Pai. O próprio Pai, sob
a figura de Jesus, nasceu, morreu e sofreu. Não há distinção entre Pai e
Filho”.
Essa doutrina foi
trazida para Roma por Prássea que, depois de condenado Eleutério, foi para a
África; mas lá também seu erro foi descoberto e ele teve que retratá-lo.
Um discípulo de Noeto,
Epígono, fundou a Igreja Patripassionista, que depois foi dirigida por
Cleomene. A eles se ajuntou Sabélio, da cidade de Cirene, ao norte da África,
que foi condenado e expulso sob o Papa Calixto (217). Parece ter voltado,
então, para sua terra, onde fez escola, o sabelianismo.
Para Sabélio, as
Pessoas da Trindade são só modos diferentes de Deus se apresentar: como Pai, na
criação; como Filho, na redenção; como Espírito Santo, na santificação. Por
isso, é a mesma coisa dizer que o Pai se encarnou, o Pai sofreu e morreu na cruz, ou dizer que foi o Filho.
Noeto, Prássea e
Sabélio usam a Palavra “pessoa” como
“modo”. São por isso chamados de modalistas. Não existem três pessoas; existe
uma só Pessoa, que se manifesta de três modos diferentes. Assim, sustentam a
unidade e a unicidade de Deus, mas negam a Trindade. A Trindade não é real, é
apenas uma palavra.
Essa posição não
conseguiu superar o judaísmo monoteísta, e foi condenada como heresia.[2]
O principal teólogo
dessa tendência foi, entretanto, Sabélio, depois de 210. A heresia costuma
também chamar-se de sabelianismo ou ainda monarquismo. O segundo nome provém do
fato de que os sabelianos diziam abertamente: “Só admitimos a monarquia”, isto
é, s unidade de pessoa como a unidade de natureza em Deus. Mas que
significariam, então os nomes de Pai, Filho, Espírito Santo, usados na Igreja
desde o princípio, especialmente na liturgia do Batismo?
Para os sabelianos, os
três nomes não passam de três aspectos, três títulos diferentes. Não significam
pessoas distintas. Portanto, foi o Pai que se encarnou no seio da Virgem e, no
nascimento, tomou o nome de Filho, sem deixar de ser o Pai. Foi o Pai, sob o
nome de Filho, que pregou, sofreu e ressuscitou. Por essa razão, os cristãos
ortodoxos chamaram os sabelianos de patri-passiens – os que crêem que o Pai
sofreu por nós na cruz. Apelidaram-nos também de modalistas, porque, para eles,
as três pessoas da Trindade se reduzem a simples modos de expressão.
Em geral, os sabelianos
rejeitam o adocionismo. E, contudo, um bispo do século III, Paulo Samosata,
achou meio de professar simultâneamente as duas heresias. Foi condenado no
concílio de Antioquia, pelo ano 268.[3]
Em 261 d.C. as doutrinas de Sabélio
foram rejeitadas e condenadas por negar a distinção das pessoas divinas na
tentativa de resgatar uma teologia unicista para o cristianismo.
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