terça-feira, 10 de junho de 2014

A TEORIA SABELIANA



ARQUIVO ICA
Outro método para resolver este grande problema e para satisfazer as convicções religiosas da Igreja foi o adotado pelos monarquianos, patripassianos ou unitarianos, como eram chamados indiferentemente. Eles admitiam uma trindade modal. Reconheciam a genuína divindade de Cristo, mas negavam quaisquer distinções pessoais na Deidade. A mesma pessoa é simultaneamente Pai, Filho e Espírito Santo; expressado esses termos as diferentes relações em que Deus se revela no mundo e na Igreja. Os principais defensores desta teoria foram Praxeas, da Ásia Menor, que ensinou esta doutrina em Roma em 200 d.C; Noetus, de Esmina, em 230 d.C; Beryll, bispo de Bostra, na Arábia, em 250 d.C; e especialmente Sabélio, presbítero de Ptolemaida, em 250 d.C. , devido a quem a doutrina passou a ser conhecida como sabelianismo.


O único ponto no qual esta doutrina satisfazia as convicções religiosas dos cristãos era quanto à verdadeira divindade de nosso Senhor. Mas, ao negara pessoalidade distintiva do Pai e do Espírito, com quem cada crente mantinha uma relação pessoal, a quem adoração e orações eram dirigidas, ela não podia ser recebida pelo povo de Deus. Sua oposição à Escritura era patente. Na Bíblia, o Pai é constantemente apresentado dirigindo-se ao Filho como “Tu”, amando-o, enviando-o, recompensando-o e exaltando-o; e o Filho se dirige constantemente ao Pai e tudo atribui à sua vontade, de maneira que a pessoalidade distintiva deles é uma das doutrinas mais claramente reveladas na Palavra de Deus. Portanto, o sabelianismo logo foi quase universalmente rejeitado.[1]



O Monarquismo



O monarquismo aparece como continuação do monoteísmo judaico, para o qual o Filho e o Espírito Santo são apenas poderes do Deus único. Essa doutrina estabelece uma certa monarquia dentro da Trindade; seus defensores exaltam tanto a unidade, que chegam a negar a distinção das Pessoas.

Foi mais perigoso no início do século III, porque aparentemente salvava a unidade de Deus e a divindade de Cristo.

Teve origens na Ásia, com Noeto de Esmirna, que afirmava: “Cristo é o próprio Pai. O próprio Pai, sob a figura de Jesus, nasceu, morreu e sofreu. Não há distinção entre Pai e Filho”.

Essa doutrina foi trazida para Roma por Prássea que, depois de condenado Eleutério, foi para a África; mas lá também seu erro foi descoberto e ele teve que retratá-lo.

Um discípulo de Noeto, Epígono, fundou a Igreja Patripassionista, que depois foi dirigida por Cleomene. A eles se ajuntou Sabélio, da cidade de Cirene, ao norte da África, que foi condenado e expulso sob o Papa Calixto (217). Parece ter voltado, então, para sua terra, onde fez escola, o sabelianismo.

Para Sabélio, as Pessoas da Trindade são só modos diferentes de Deus se apresentar: como Pai, na criação; como Filho, na redenção; como Espírito Santo, na santificação. Por isso, é a mesma coisa dizer que o Pai se encarnou, o Pai sofreu  e morreu na cruz, ou dizer que foi o Filho.

Noeto, Prássea e Sabélio usam a Palavra “pessoa”   como “modo”. São por isso chamados de modalistas. Não existem três pessoas; existe uma só Pessoa, que se manifesta de três modos diferentes. Assim, sustentam a unidade e a unicidade de Deus, mas negam a Trindade. A Trindade não é real, é apenas uma palavra.

Essa posição não conseguiu superar o judaísmo monoteísta, e foi condenada como heresia.[2]



O principal teólogo dessa tendência foi, entretanto, Sabélio, depois de 210. A heresia costuma também chamar-se de sabelianismo ou ainda monarquismo. O segundo nome provém do fato de que os sabelianos diziam abertamente: “Só admitimos a monarquia”, isto é, s unidade de pessoa como a unidade de natureza em Deus. Mas que significariam, então os nomes de Pai, Filho, Espírito Santo, usados na Igreja desde o princípio, especialmente na liturgia do Batismo?

Para os sabelianos, os três nomes não passam de três aspectos, três títulos diferentes. Não significam pessoas distintas. Portanto, foi o Pai que se encarnou no seio da Virgem e, no nascimento, tomou o nome de Filho, sem deixar de ser o Pai. Foi o Pai, sob o nome de Filho, que pregou, sofreu e ressuscitou. Por essa razão, os cristãos ortodoxos chamaram os sabelianos de patri-passiens – os que crêem que o Pai sofreu por nós na cruz. Apelidaram-nos também de modalistas, porque, para eles, as três pessoas da Trindade se reduzem a simples modos de expressão.

Em geral, os sabelianos rejeitam o adocionismo. E, contudo, um bispo do século III, Paulo Samosata, achou meio de professar simultâneamente as duas heresias. Foi condenado no concílio de Antioquia, pelo ano 268.[3]



Em 261 d.C. as doutrinas de Sabélio foram rejeitadas e condenadas por negar a distinção das pessoas divinas na tentativa de resgatar uma teologia unicista para o cristianismo.





[1]HODGE, Charles. Teologia Sistemática – A Doutrina da Igreja no Concílio de Nicéia – Editora Hagnos, 340p.

[2] HASTENTEUFEL Zeno. Infância e Adolescência da Igreja, 61,62p. Editora Edipucrs Porto Alegre 1995.


[3] CRISTIANI Monsenhor. Breve História das Heresias. Editora Flamboyant. 14p.

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